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Guitarra teorbada:
Felippe Maravalhas (e-mail)

 

Viola da gamba:
Iara Ungarelli

Iara Ungarelli, viola

Violino-barroco:
Zoltan Paulinyi

 

Fotos do grupo por Marcelo Versiani (2007-2008).


 

 

Grupo SONARE de Música Antiga

CD 2009

Suonate di celebri auttori

 

Livreto trilíngue: portugês, inglês, francês.

 

Francesco Maria Veracini (1690-1768)
 

Sonata IX

# ISRC #
  [1] Allegro Moderadamente (4:46)
BR-ZOL-09-00001
  [2] Adagio (1:00)
BR-ZOL-09-00002
  [3] Scozzese (9:11)
BR-ZOL-09-00003
     
Christian Gottlieb Scheidler (1752-1815)  

Duo pour guitare et violon

 

  [4] Allegro (6:44)
BR-ZOL-09-00004
  [5] Romance (2:56)
BR-ZOL-09-00005
  [6] Rondo (2:54)
BR-ZOL-09-00006
     
Christian Gottlieb Scheidler (1752-1815)   Sonate pour la guitare n. 1
  [7] Allegro (6:44)
BR-ZOL-09-00007
  [8] Romance (2:56)
BR-ZOL-09-00008
  [9] Rondo (3:05)
BR-ZOL-09-00009
     
Giacomo Antonio Tinazzoli (1673-1730) [10] Sonata
BR-ZOL-09-00010
     
Johann Sebastian Bach (1685-1750)   Sonata BWV 1001
  [11] Adagio (3:50)
BR-ZOL-09-00011
  [12] Fuga (5:35)
BR-ZOL-09-00012
  [13] Siciliano (3:37)
BR-ZOL-09-00013
  [14] Presto (4:59)
BR-ZOL-09-00014
     
Giuseppe Vaccari (1704-1766)   Concerto a Mondolino e basso
  [15] Allegro (4:31)
BR-ZOL-09-00015
  [16] Andante (3:46)
BR-ZOL-09-00016
  [17] Giga (2:42)
BR-ZOL-09-00017
(Duração total: 69:14)      

Nosso profundo agradecimento aos patrocinadores:

Cordas Aquila (Ernesto Ett - Brasil)

FAC-GDF (Fundo de Apoio à Cultura)

 

SOBRE O REPERTÓRIO

Vinte e três anos após a publicação da coletânea “Sonate a violino solo e basso” - opera prima, Francesco Maria Veracini publicou em Londres (1744) doze sonatas intituladas “Sonate Accademiche” - opera seconda, dedicadas ao rei Friedrich Augusts III. Dentre estas últimas, a Sonata IX em lá maior se inicia com um Allegro gracioso carregado de apojaturas e floreios que desafiam o violinista. No Adagio aparecem escritos apenas os dois primeiros e últimos compassos, ficando a cargo do intérprete improvisar uma cadência ou capricci para interligá-los. Segue-se em attacca o último movimento, intitulado Scozzese, um tema escocês seguido de duas variações, interrompe-se o movimento abruptamente com um Largo em lá menor, substituindo o que seria uma variação menor, para depois retornar o tema da Scozzese que se desenvolve até uma brilhante coda.

Christian Gottlieb Scheidler atuou profissionalmente como violoncelista e fagotista na corte do eleitorado de Mainz, porém foi conhecido também como compositor, alaudista e guitarrista, tendo sido professor de guitarra em Frankfurt. Viveu em uma época em que o alaúde barroco havia praticamente desaparecido e foi o último compositor a publicar peças para esse instrumento. Não há muitos registros sobre sua vida e não se sabe ao certo de quantas cordas era a guitarra que tocava. Suas sonatas utilizam a sexta corda afinada em sol, uma segunda abaixo da quinta corda (lá), tal característica é típica de instrumentos com várias cordas graves como o alaúde barroco ou o Decachorde. É possível que Scheidler tocasse uma guitarra com mais cordas graves, pois estava habituado às treze ordens do alaúde, e tenha publicado suas sonatas para guitarra de seis cordas por ser o instrumento que havia disponível para seus alunos e compatriotas. Nessas sonatas, aparecem linhas melódicas nos graves que, de súbito, mudam de oitava, o que corrobora com a hipótese especulativa de que as concebera para um instrumento com mais cordas. Na presente gravação, tomei a liberdade de tocar alguns baixos uma oitava mais grave para valorizar suas linhas melódicas e tornar as peças mais idiomáticas para a guitarra teorbada.

O período em que trabalhou como mestre de orquestra para o príncipe Leopold von Anhalt-Köthen foi bastante produtivo para a música secular de Johann Sebastian Bach. Em 1720, ano da morte de sua primeira esposa, Maria Bárbara, Bach concluiu os “Sei Solo a violino senza basso accompagnato”. A obra é composta de três sonatas e três partitas intercaladas. Musicólogos acreditam que há evidências numerológicas, com base na gematria ou alfabeto numérico, que identificam os três pares de sonatas e partitas com as estações litúrgicas de Natal, Páscoa e Pentecostes. Alguns alegam, apesar de haver controvérsia, que a obra foi um tombeau ou epitáfio para Maria Bárbara. Na obra há citações a vários corais combinadas a trechos da melodia do hino da Páscoa “Christ lag in Todesbanden” (Cristo jaz amortalhado). A primeira sonata, em sol menor, inicia com um declamativo Adagio que anuncia, com recursos retóricos, a melancólica temática da obra. Segue-o uma brilhante Fuga construída a partir de um curto motivo de quatro notas repetidas. O Siciliano, na tonalidade de si bemol maior, se expressa com uma tranqüila serenidade que antes de trazer alegria, serve mais como um alento à melancolia da sonata, que se encerra de forma turbulenta com um impetuoso Presto, carregado de ambigüidade na acentuação, onde as frases ora se articulam ternárias ora binárias, num moto-perpétuo emotivo e eloqüente. Transcrições e adaptações eram muito comuns no universo musical de Bach, como descreve Johann Friedrich Reichardt (1752 - 1814) sobre as sonatas e partitas para violino, Bach “sempre as tocava ao cravo, acrescentando harmonias que julgava necessárias”, um exemplo dessas transcrições é a versão para Lautenwerk (BWV1006a) da 3ªpartita de violino (BWV1006). A Fuga da Sonata I (BWV1001) foi transcrita para alaúde por Johann Christian Weyrauch, amigo de Bach. Tendo em vista que o lautenwerk (um cravo com cordas de tripa) e o alaúde barroco possuem sonoridades muito próximas a da guitarra teorbada, uma transcrição da Sonata I para tal instrumento se justifica plenamente. Na transcrição registrada neste CD, tal como fiz nas sonatas de Scheidler, alguns baixos foram oitavados em função da tessitura da guitarra teorbada.

O manuscrito intitulado “Suonate di Celebri Auttori” (1759) de Filippo Dalla Casa contém diversas peças para Arcileuto Francese, bem como algumas sonatas e concertos para mandolino e contínuo. Na época a designação mandolino ou mandola servia tanto para um instrumento de seis ordens afinado em quartas semelhante a um alaúde, quanto para um instrumento de quatro ordens afinadas em quintas como um violino. Apesar das evidências e que Dalla Casa possivelmente previa a utilização de um instrumento afinado em quartas, devido à fácil adaptação para um alaudista, nada impedia de tal repertório ser tocado em um mandolino em quintas. O bandolim, versão moderna do mandolino, é afinado como o violino. Tal afinação se estabeleceu gradualmente como padrão, possivelmente devido ao prestígio do violino no século XVIII quando o repertório de ambos os instrumentos se intercambiava com freqüência. Nesse manuscrito de Dalla Casa aparece a bela sonata para mandolino de Giacomo Antonio Tinazzoli, que apesar de curta, se estrutura como um pequeno concerto, onde o mandolino sola de forma expressiva entre os “tutti” num estilo que lembra Vivaldi. Outra peça extraída do mencionado manuscrito é o concerto em ré maior para mandolino de Giuseppe Vaccari, um belo exemplo de sonata galante, cheia de graça pueril e espírito festivo.

 

GUITARRA TEORBADA


Nos séculos XVII e XVIII a guitarra barroca gozou de tamanho prestígio na música secular francesa, espanhola, inglesa e italiana, ao ponto de monarcas como Luis XIV e Charles II se tornarem entusiastas deste instrumento. Não obstante, outro instrumento de tessitura mais grave também muito utilizado na época, foi a Tiorba italiana, freqüentemente tocada em conjunto com a guitarra em acompanhamentos de baixo contínuo. Como os dois instrumentos possuem cinco cordas com a mesma afinação, era muito comum que um mesmo músico tocasse ambos. Nesse contexto surgiu um híbrido entre a guitarra e a teorba: a guitarra teorbada.

Há diversas referências a guitarras teorbadas em livros de tablatura, possivelmente a mais antiga seja a do Balletto Detto L’ardito Gracioso do “Libro Quarto de Intavolatura di Liuto” (1616) de Pietro Paolo Melli, que contém uma parte escrita para Citara Tiorbata. Exemplos de solos aparecem nos “Soavi Concerti di Sonate Musicale per Chitara Spanuola” (1659) de Giovanni Battista Granata, que contém cinco peças para Chitara Atiorbata; ou no manuscrito de Henry Gallot (1660-1684) onde aparecem doze peças para Guitarre Theorbée. Porém, a afinação deste instrumento parece ter se padronizado apenas no século XVIII. A afinação descrita por Ludovico Fontanelli em sua “Sonate per Chitarrone Francese” (1733), corresponde à do Decachorde, instrumento descrito por Ferdinand Carulli (1770-1841) em seu “Méthode Complete pour Decachorde” Op. 293, tal instrumento se trata de uma Guitarre Theorbée com características organológicas das guitarras do século XIX.

É de se supor que foi na França onde a guitarra teorbada mais se desenvolveu, Fontanelli usou o termo Chitarrone Francese, cerca de um século depois Carulli publicou em Paris seu Op. 293, além do exemplar mais antigo de uma Guitarre Theorbée ser obra de um luthier francês anônimo, datado aproximadamente de 1760 (parte do acervo do museu da Cité de la Musique em Paris).

 

INTÉRPRETES

Iara Ungarelli (viola da gamba)

Iara Ungarelli, brasiliense, nasceu em 1989. Iniciou seus estudos musicais em 1998 na Escola de Música de Brasília - EMB onde estuda Viola da Gamba desde 1999 sob orientação de Cecília Aprigliano. Integrou a Banda de Música Antiga da EMB durante oito anos. Teve aulas com Mário Orlando Guimarães e estudou com Judith Davidoff e Ricardo Rodriguez em Cursos Internacionais de Verão realizados na EMB nos anos 2004 e 2006 a 2008, respectivamente. Estudou com Philippe Pierlot no 18º FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA COLONIAL BRASILEIRA E MÚSICA ANTIGA de Juiz de Fora em 2007. Integra o Conjunto de Violas da Gamba - Gambas Candangas desde a sua fundação, em 2006 e o Grupo Sonare desde o início de 2008. Toca toda a família de Violas da Gamba, inclusive a Pardessus de Viole. Seus instrumentos foram construídos por Roberto Guimarães em 2006 (Basse de Viole) e 2008 (Pardessus de Viole).

Felippe Maravalhas (guitarra teorbada)

Felippe Maravalhas nasceu em Brasília em 1975, graduou-se em 1999 na Universidade de Brasília como bacharel em violão, sob a orientação de Eustaquio Grilo. Estudou com renomados violonistas como Eduardo Isaac, Eduardo Fernandez, Fábio Zanon e Luz Maria Bobadilla. È formado em alaúde pela Escola de Música de Brasília, onde estudou com Fernando Dell’Isola, com quem atua no duo INTAVOLARTVRA. Estudou alaúde e guitarra barroca com Regina Albanez no XVI e XVIII FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA COLONIAL BRASILEIRA E MÚSICA ANTIGA de Juiz de Fora, onde participou de masterclasses com Luís Otávio Santos e Philippe Pierlot. Em 2004 encomendou do luthier Luciano Faria uma réplica da Guitare théorbée datada de 1760 de luthier anônimo do acervo do museu da Cité de la Musique em Paris (nº. do inventário E.980.2.296), tal réplica acredita-se ter sido a primeira a ser construída.

Zoltan Paulinyi (violino)

http://www.Paulinyi.com

Zoltan Paulinyi (1977) é natural de Belo Horizonte, onde estudou violino com Ricardo Giannetti. Motivado a se aprofundar na estética barroca por Manfred Kraemer no Festival de Curitiba e por Micaela Combert no Festival de Dartington (UK) em 1999, vem participando frequentemente da Orquestra Barroca do Festival de Juiz de Fora sob direção de Luís Otávio Santos desde 2001. Vencedor do Concurso Nacional de Goiânia de 2002, é violinista da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional em Brasília desde 2000. Apresenta-se com um violino barroco e arco de Carlos Del Picchia.

 


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