Palestra apresentada no Rotary Club BH Milionésimo, 22 de julho de 2004.
Copyright (C) 2004. Todos os direitos reservados.
A sociedade vem exaltando
sobremaneira a tecnologia e diversos avanços da ciência. Entretanto,
valores antigos têm sido colocados em segundo plano, tais como a retórica,
a ginástica e todas as outras formas de artes performáticas e
plásticas. Esta desproporção entre a máquina e o
ser humano reflete a crise existencial que vem aflorando neste século.
Como violinista de profissão, irei tratar particularmente da música,
sem me esquecer da ligação essencial que esta linguagem tem com
as demais artes.
A Academia de Ciências de Nova Iorque destacou a importância da música em seus anais de 1999, volume dedicado integralmente a este assunto! A indústria musical é a segunda maior economia mundial, atrás apenas da indústria farmacêutica, `a frente da indústria alimentícia. Realmente, a música é um alimento transcendental, a bebida da alma sedenta.
A música é a arte essencialmente humana. Muitos animais parecem cantar, porém, somente o ser humano realiza a música como arte. Os antropólogos tentam de enxertar várias explicações na teoria Darwiniana: neste sentido, a música é um item de sobrevivência da espécie humana não como indivíduo, mas na preservação da tribo, ou seja, da sociedade. A música é um importante integrador dos indivíduos, disciplinando horários para dormir e acordar, organizando grupos de guerra e movimentos religiosos; em suma, disciplinando as emoções e melhorando o convívio social.
O nosso santo padre, o Papa João Paulo II, escreveu uma carta aos artistas em 1999, anunciando que, se alguns têm talentos especiais para determinadas atividades artísticas, todos são chamados a serem artífices da própria vida!
Este belo ensinamento da Igreja nos lembra que São José foi um artesão dedicado, Santa Maria tecia com arte e Jesus cantava com perfeição todos os salmos. A arte encharca toda a Bíblia e a história da humanidade. Para tornar bela a nossa vida, devemos aprender com os bons artistas a buscar harmonia, perfeição e a singularidade.
A harmonia é a correta proporção dos bens e valores. Apreciamos as composições bem definidas, as pinturas de boas e coerentes proporções (nos mais diversos estilos, que são apenas ópticas diferentes. Assim deve ser nossa vida: bem organizada, respeitando o seu valor infinito, priorizando a arte sobre o consumismo, a educação sobre a aquisição de bens materiais.
A perfeição
é indispensável a qualquer obra de arte. Vemos o quanto os artistas
se sacrificam para ornamentar cada detalhe de sua música, escultura (sonora
ou física). Como nós ornamentamos a vida? Assistindo `a TV ou
sorrindo ao prestar algum serviço útil?
A singularidade refere-se ao novo. Como é possível fazer algo
completamente inédito? Somente Deus é o artista perfeito, aquele
que cria a partir do nada. Entretanto, Ele nos deu a capacidade de amar, que
é o que renova todas as coisas naturais, dando-lhes um significado sobrenatural.
Somente com arte podemos transformar a vida, tornando-a verdadeiramente humana.
Então, venho convidá-los a apreciar boas músicas, pinturas
e esculturas, inspirando-se a preencher os vazios da nossa rotina com boa arte,
com serviço de amor e de sorriso!